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Vincular a maternidade ao Estado Civil pode ser depreciativo para as mulheres?

Assumir a maternidade de forma autônoma é um desafio que milhares de mulheres enfrentam em todo o mundo. Conhecidas como “mães solteiras”, as mulheres lutam para mudar o termo, que carrega concepções depreciativas, já que, para ser mãe, não é preciso necessariamente ter um companheiro.

 

Essa realidade vem se contrapondo ao que a sociedade atribui, historicamente, como papel da mulher, que é o de cuidar do lar e do filho. Esse comportamento cabia dentro de um modelo tradicional de família, construindo a ideia de que, para ser mãe, é preciso estar casada ou ter um companheiro.

 

O termo “mãe solteira” se popularizou ao longo dos anos para designar essas mulheres que criam seus filhos sozinhas. A maternidade não está relacionada com o estado civil da mulher. É interessante pensar nisso, porque parece que essa mulher não poderia ser mãe se não fosse dentro de um casamento.

 

O termo “mãe solo” surgiu, então, como uma tentativa de desvincular a maternidade com o estado civil da mulher. O termo acolhe essas mães que, sozinhas, seja por opção ou por abandono paterno, assumem o compromisso de criar e educar seus filhos, em um caminho cheio de desafios, que vai do julgamento da sociedade às dificuldades financeiras e psicológicas.

 

 

• As dificuldades da maternidade autônoma:

 

Na rotina da mãe que cria os filhos e filhas sozinha nem tudo são flores. Nós temos que pensar como o ser mãe solo envolve um esforço, um trabalho muito grande dessas mulheres. Sem a presença de um companheiro, toda a responsabilidade da criação de um filho fica destinada à mãe. Além da necessidade de trabalhar para sustentar sua família, a mulher precisa cuidar da sua casa, da alimentação, da educação e de todas as tarefas relacionadas à vida doméstica.

 

Para além dos desafios no cotidiano, a mulher que assume a maternidade sozinha sofre um julgamento por parte da sociedade, ainda muito vinculada a valores patriarcais e machistas. Esse julgamento faz com que ela se sinta discriminada, abandonada e sozinha. Então, essa mulher vai ter que lidar também com a sua saúde mental.

 

Essa sobrecarga da mãe solo pode levar a mulher ao limite do estresse, ocasionando uma exaustão tanto mental quanto física. Não ter alguém para dividir os problemas, dialogar ou receber apoio faz com que a jornada dessa mulher seja solitária. Muitas vezes, o lazer é deixado completamente de lado, deixando-a imersa no universo da maternidade e esquecendo da sua individualidade e felicidade como mulher.

 

 

• Tendência de crescimento no número de mães solo:

 

Apesar das dificuldades que as mulheres enfrentam nessa jornada, os dados indicam uma crescente no número de crianças registradas sem o nome do pai. O Portal da Transparência do Registro Civil mostrou que, nos primeiros sete meses de 2022, mais de 100 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe na Certidão de Nascimento, indicando um aumento no número de mulheres que criam seus filhos e filhas sozinhas.

 

Essa tendência no crescimento é um reflexo da própria estruturação da sociedade, que ainda impõe à mulher a necessidade de ser mãe e de vivenciar a maternidade. Não é dado à mulher o direito dela escolher se quer ou não ser mãe, isto é imposto. Socialmente a mulher deve ser mãe.

 

No entanto, isto não acontece com o homem que, mesmo quando gera um filho, é permitido, perante os olhos da sociedade, se ausentar sem que haja julgamentos. A nossa sociedade autoriza o homem a se ausentar, a não escrever seu nome de pai, diferentemente da mãe.

 

Você concorda? Qual a sua opinião?

 

Mãe solteira, mãe solo é apenas mais um rótulo? A necessidade de ser mãe e de vivenciar a maternidade é mais uma imposição social, pois não é dado à mulher o direito dela escolher se quer ou não ser mãe? As mulheres, realmente, estão desejando assumir a maternidade de forma autônoma, sem a necessidade de um relacionamento?

 

 

Um abraço para todos.

Ana Brocanelo – Advogada.

OAB/SP:176.438

Fonte: Jornal da USP. "Vincular a maternidade ao Estado Civil pode ser depreciativo para as mulheres'. Por Ana Beatriz Fogaça. Publicado sob licença CC BY 4.0.

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